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Vieiras com puré de abóbora e manteiga de salva | Scallops with butternut purée and sage butter

07/11/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Até há bem pouco tempo, nunca tinha cozinhado vieiras. Não sei se demasiados episódios do Hell’s Kitchen, com o Gordon Ramsay a gritar com cozinheiros desesperados, me fizeram ficar inconscientemente intimidado - mas, na verdade, não há razão para isso. Desde que as vieiras sejam frescas e que se tenham alguns cuidados básicos, não é difícil cozinhá-las.

A razão para começar agora é simples: em Setembro abriu um novo mercado semanal muito perto da nossa casa. Uma das bancas é da Portland Scallop Company, que fornece peixe e marisco fresco, apanhado junto à costa de Dorset, no sudoeste inglês. Já tenho falado aqui no blog da dificuldade (pelo menos na minha área) em encontrar uma boa variedade de peixe bem fresco, por isso fiquei bastante contente quando passei a ter oportunidade, pelo menos uma vez por semana, de comprar peixes fresquíssimos e a bom preço: robalos, douradas, tamboril, salmão, salmonete, mas também mexilhões, camarões - e, claro, vieiras.

Num destes domingos, comprei uma dúzia de vieiras para fazer de entrada. Fiz uma pesquisa por receitas e uma em particular chamou-me a atenção, no site da Olive Magazine. As vieiras eram servidas com puré de abóbora-manteiga e cobertas com folhas de salva fritas em manteiga, que me pareceu uma óptima combinação. Não me enganei - o sabor é óptimo e, visualmente, o prato parece muito mais elaborado do que é. Vão ver que é fácil - e ideal como entrada para um jantar com amigos!

Caponata

08/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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As caponatas são como os chapéus: há muitas. Prato de origem siciliana, tem quase sempre uma base de beringela frita, misturada com aipo e alcaparras, num molho agri-doce, à base de vinagre. No entanto, cada terra tem a sua variante - desde polvo a azeitonas, pinhões a batatas, há quem acrescente de tudo um pouco.

A receita que usei vem de um livro que trouxe de Roma - “L’Italia In Cucina - Ricette, Tradizioni, Prodotti”, uma volta por cada uma das regiões italianas, apresentando os seus produtos tradicionais e receitas dos seus melhores pratos, com a característica de cada receita ser disponibilizada por restaurantes locais. É um belo livro para quem gostar da cozinha italiana e quiser explorá-la um pouco mais (convém que estejam mais ou menos à vontade com a língua italiana!).

No caso da caponata, a receita do livro é a do restaurante Don Camillo, de Siracusa. Usei-a como entrada num jantar italiano com amigos, servida com uma focaccia de alecrim, e estava óptima - e no dia seguinte, ainda melhor! Tem sabores fortes - o aipo, os tomates, as alcaparras, o vinagre -, mas confiem em mim: todos eles se equilibram perfeitamente. É uma pequena maravilha, como os italianos tão bem sabem fazer.

Devilled eggs

23/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Na passagem de ano juntámo-nos em casa de amigos para uma noite inspirada pela América dos anos 20, tendo cada casal ficado encarregue de levar algumas coisas, entre comidas e bebidas. No nosso caso, uma das coisas que levámos foram estes devilled eggs, que eu nunca tinha feito, mas que fizeram sucesso. São um finger food ideal, bonitos e fáceis de agarrar e comer - e desapareceram num instante.

Os devilled eggs são basicamente ovos cozidos, nos quais a gema é misturada com mostarda, maionese e especiarias (daí o “devilled”, é suposto serem picantes) e colocada de novo sobre as claras com a ajuda de um saco de pasteleiro. São mais populares nos Estados Unidos do que aqui no Reino Unido (daí serem adequados à nossa festa de passagem de ano), embora a receita que segui tenha sido adaptada de uma da Nigella Lawson, publicada no site da BBC.

Embora seja suposto os ovos serem picantes, pode haver quem os prefira simples - no nosso caso, como ia haver crianças, acabei por preparar duas versões, uma com pimenta caiena e outra sem. Usei a decoração para os distinguir - só coloquei o sumac sobre os ovos picantes. Ah, a propósito do sumac - usei-o porque gosto muito do tom cítrico que esta baga dá à comida, mas podem facilmente substituí-lo por pimentão doce.

Halloumi panado com za'atar

17/10/2018

Escrito por | Written by Bruno


Uma das vantagens de Londres, pelo menos em termos gastronómicos, é o acesso mais facilitado a comidas e ingredientes que são muito pouco comuns em Portugal. Nestes quatro anos, tenho descoberto sabores e formas de cozinhar que desconhecia de todo, e que tenho começado a tentar integrar no que vou fazendo. Um bom exemplo foi quando me aventurei a fazer comida indiana - precisei de uma panóplia de especiarias, algumas complicadas de encontrar nos supermercados habituais onde faço compras. No entanto, não foi difícil encontrar outras lojas, com presença online, que se especializam em ingredientes indianos e enviam pelo correio.

Recentemente, contudo, descobri que tenho uma solução ainda mais perto - perto de um centro onde deixamos um dos rapazes para actividades aos sábados, há uma mercearia de bairro que tem uma quantidade impressionante de especiarias e outros ingredientes não só indianos, mas também do Magrebe e Médio-Oriente. Foi uma óptima surpresa - e tenho aproveitado para me abastecer de especiarias que já queria usar há bastante tempo mas ainda não tinha tido oportunidade de comprar.

Um dos ingredientes que comprei foi um frasco de za’atar, o nome árabe de uma planta da família do orégão, mas mais geralmente usado como nome de uma mistura de especiarias muito usada na região do Levante. Tradicionalmente é uma mistura de folhas secas de za’atar, sementes de sésamo, sumac em pó (outra especiaria muito interessante - hei-de falar nela noutro post) e sal. Por vezes são adicionadas mais algumas especiarias, mas esta é a lista básica. É uma mistura interessante, saborosa e que fica bem em quase tudo. Em Portugal encontra-se, mas pode ser difícil - numa pesquisa rápida consegui encontrar algumas lojas especializadas que o vendem.

Para inaugurar o frasco, resolvemos fazer esta receita simples, que foi parte de um almoço com vários pratos pequenos, para partilhar. A receita foi retirada do livro “Feasts”, de Sabrina Ghayour (já cá tínhamos falado dele), e não custa nada a fazer - basta cortar o halloumi, cobri-lo de ovo batido e za’atar e paná-lo. O resultado é óptimo, ou não fosse o halloumi um queijo óptimo para estas coisas. Em breve hei-de colocar por aqui mais umas quantas das receitas que fizemos nesse almoço!

O Verão numa salada

07/08/2018

Escrito por | Written by Bruno



A vaga de calor que tem afectado toda a Europa nos últimos dois meses tem feito deste o Verão britânico mais prolongado desde há muito tempo. É tão fora do normal ter tantas semanas de bom tempo que toda a gente tenta aproveitar ao máximo - os barbecues têm mais uso que o normal, convidam-se amigos, come-se no quintal - ou em casa com janelas bem abertas.

É altura de comidas frescas, de encher uma mesa com várias coisas e deixar cada um servir-se do que lhe apetecer, com vinho branco fresco, cerveja ou um jarro de Pimm's a acompanhar. E esta salada é uma bela opção - está todo o Verão aqui dentro. É fresca, é colorida, tem a acidez doce da lima e o perfume dos cominhos, a suavidade do abacate e o estaladiço da cebola, tudo junto num acompanhamento que vai bem com tudo. A sério!

Cicchetti de lardo com mel e nozes e de guanciale com queijo de cabra e pesto

06/06/2018

Escrito por | Written by Bruno



Como disse no meu post anterior, esta é a semana de Veneza aqui pelo blog. Tentei recriar a experiência dos cicchetti - pequenas ‘tapas’ venezianas, comidas geralmente ao balcão ou em (poucas) mesas ao ar livre junto aos bacari, os bares que servem estas comidas, em inúmeras variações, acompanhadas com copos de vinho local ou de Spritz.

A ideia dos cicchetti é aproveitar ingredientes locais, em combinações que podem ser muito simples (uma fatia de salame ou presunto sobre o pão) ou mais criativas e elaboradas. Nestes exemplos resolvi aproveitar lardo di Colonnata e guanciale, que trouxe de Veneza, combinando-os com ingredientes que me pareceram complementar bem os respectivos sabores. O lardo é um toucinho produzido na região de Colonnata que usa a gordura das costas do porco, temperada com sal e alecrim e deixada a curar em recipientes de mármore local. Comido em fatias é suave e desfaz-se na boca. Já o guanciale é outro tipo de carne curada, feito com a carne das bochechas do porco - é o ingrediente tradicionalmente usado na carbonara, por exemplo.

Ambos estes ingredientes podem ser difíceis de encontrar, a menos que conheçam um bom importador de ingredientes italianos (sortudos!), mas podem obviamente ser substituídos por outros tipos de charcutaria curada - ou qualquer outro ingrediente que queiram usar. A melhor parte dos cicchetti é serem uma óptima base para improvisar e inventar combinações, por isso vejam esta receita mais como uma inspiração do que propriamente algo para seguir religiosamente.


Chanterelles fritos com chouriço | Fried chanterelles with chorizo

13/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Um dos nossos programas de fim-de-semana preferidos, especialmente quando o tempo ajuda, é dar um salto ao mercado. A poucos quilómetros de casa temos a vila de Kingston-Upon-Thames, que tem um óptimo mercado ao ar livre - não muito grande, mas com umas quantas bancas com muito boa fruta, legumes e óptimo pão. Há também várias bancas de comida de rua, o que faz com que seja ideal para comprar frescos no mercado e depois sentar a almoçar ao ar livre.

Num destes fins-de-semana demos um salto ao mercado e valeu bem a pena. Trouxe marmelos, romãs, figos, morangos, framboesas - e encontrei à venda cogumelos chanterelle, com muito bom ar. Por impulso, resolvi comprar uns poucos, sem saber muito bem o que iria fazer com eles. Quando cheguei a casa, pus-me a pesquisar à procura de ideias, e acabei por resolver fazê-los assim, simples, salteados, com o chouriço a ajudar ao sabor.

Serviu de entrada ao jantar, e foi uma óptima escolha. O chouriço ficou crocante, as pontas dos cogumelos também, e o sabor estava óptimo. Hei-de voltar ao mercado para ver se ainda consigo encontrar mais uns quantos!

Espargos com cebolinha e queijo de cabra | Asparagus with spring onions and goat's cheese

26/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Nunca me canso de dizer isto - as coisas simples são tantas vezes as melhores. Pegar num molho de espargos, numas quantas cebolinhas, num bom queijo de cabra e, num instante, ter uma entrada destas pronta. Fresca, saudável, apetitosa.

A receita não é minha - encontrei-a num fantástico livro publicado pela Riverford, uma empresa que entrega cabazes e produtos orgânicos sazonais aqui em Inglaterra, com uma óptima qualidade e muita variedade. O livro é uma colecção de receitas para vegetais de Primavera e Verão (há também uma versão de Outono e Inverno) e é muito bom para tirar ideias sobre o que fazer com aqueles legumes que trouxemos do mercado porque tinham mesmo óptimo aspecto.

Uma nota sobre o queijo de cabra - o melhor é usar um queijo que seja duro e fácil de esfarelar. No meu caso usei um queijo de cabra tipo cheddar, envelhecido em gruta, que é uma pequena maravilha, mas qualquer outro serve - e se não encontrarem de cabra, podem facilmente substituí-lo por outro que vos pareça bem.

Guacamole com pistácios | Guacamole with pistachios

02/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Adoro guacamole. Tragam-me uma taça para a mesa e umas quantas tortilhas fritas e está o vício instalado. Ainda por cima, não é difícil de preparar em casa. Há inúmeras receitas - perguntem a 10 mexicanos e obterão 10 variações ligeiramente diferentes. A base, no entanto, é sempre a mesma - abacate, sumo de lima, sal... e cebola, e talvez uma malagueta, e já agora uns coentros... Curiosamente, e ao contrário do que tantas vezes se vê por aí, não é suposto levar tomate. O tomate picado vem do pico de gallo, um outro molho mexicano que leva tomate, cebola, coentros, malaguetas, sal e sumo de lima - conseguem ver a semelhança, certo? Em vez de estar a preparar dois molhos diferentes e a misturá-los, muita gente resolve cortar a direito e misturar o tomate directamente no guacamole. Mas não digam aos vossos amigos mexicanos, que talvez não achem muita graça...

Dito tudo isto, esta receita também não é genuína. Ou melhor, até é, relativamente (foi adaptada do site mexicano do Chef Oropeza), mas tem o acrescento dos pistácios, que lhe dão uma textura e um sabor ligeiramente diferentes. Por vezes é difícil encontrar pistácios sem sal - se não encontrarem, façam a receita sem eles (os pistácios salgados têm demasiado sal e não resultariam bem aqui).

Figos com halloumi, presunto, avelãs e mel | Roast figs with halloumi, ham, hazelnuts and honey

05/09/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Já lá vão uns anitos - em 2008, num livro da australiana Donna Hay, descobri uma receita de figos assados com queijo halloumi e presunto. Chamou-me a atenção pela combinação de ingredientes e, principalmente, pelo halloumi, que adoro. Para quem não o conhece, o halloumi é um queijo cipriota com um ponto de fusão bastante alto, o que faz com que seja ideal para assar, grelhar ou fritar. Já se encontra com facilidade em hipermercados, normalmente junto às embalagens de queijo feta.

Sendo tão simples de fazer, é uma receita que se presta bem ao Verão e às férias. Tendo encontrado uns figos óptimos no mercado de Cabanas, levei-os para casa e preparei esta entrada. A receita que sigo já não é bem a da Donna Hay, embora a base seja semelhante. As avelãs acrescentam textura e sabor (a minha ideia inicial era usar pistácios, mas é difícil encontrá-los sem ser salgados, e esses não ficariam bem. Mas hei-de experimentar um destes dias), e o mel dá um toque doce adicional.

Amêijoas com cebola | Clams with onions

04/09/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Férias não são férias sem amêijoas. E amêijoas de férias não são amêijoas de férias sem bastante cebola - e muito molho, para molhar o pão.

Faço amêijoas assim há anos. Não é muito diferente do tradicional Bulhão Pato, mas esse não leva cebola, e eu adoro tê-la no prato. Quanto à mostarda, de início não a usava de todo, mas acrescentei-a à receita depois de umas amêijoas óptimas que comi num restaurante da Graça, nas quais se notava perfeitamente um ligeiro travo a mostarda que fazia toda a diferença. É o meu "ingrediente secreto" (ou era, antes de publicar esta receita...)

Férias não são férias sem amêijoas - e estas férias foram-no, sem dúvida.

Pimentos de Padrón | Padrón peppers

27/07/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Uma das inevitáveis alegrias quando se mora noutro país é a surpresa ocasional de encontrar ingredientes que nos levam para mais perto das nossas memórias de casa. E por vezes não têm de ser exactamente memórias do nosso país, basta que sejam de suficientemente perto.

Aqui em Londres, costumamos fazer encomendas a uma empresa que entrega caixas de produtos sazonais orgânicos. A qualidade é óptima e a variedade é muita, o que nos permite ir experimentando receitas novas. Mas desta vez havia um produto familiar na lista a que não podíamos resistir - pimentos de Padrón. Há já algum tempo que não os provava - e há demasiado tempo que não visito a Galiza, que adoro. Era a desculpa ideal para preparar um prato.

Adoro a simplicidade desta receita - são só pimentos, um pouco de azeite e um pouco de sal. Mas o sabor é tudo. O sabor e a maldade dos pimentos, que são traiçoeiros - a tal história de que unos pican y otros no. Atirarmo-nos a um prato nunca sabendo o que nos vai calhar é muito mais do que simplesmente comer pimentos fritos, mas antes uma espécie de Roleta Galega, da qual volta e meia saímos ligeiramente queimados, mas sempre satisfeitos.

Húmus | Hummus

21/07/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Quando comecei a preparar este blog, resolvi espreitar a lista de links que tínhamos no Cozinha Com Tomates e ver como estavam os blogs que costumava seguir (alguns continuo a acompanhar regularmente, mas já não espreitava outros há bastante tempo). Foi uma pena ver que muitos deles acabaram por parar, com as últimas publicações datadas já de há alguns anos. Enfim, não é que me surpreenda, visto que foi exactamente o que se passou com o Cozinha Com Tomates, mas é uma pena - embora suponha que haja muitos outros blogs novos que entretanto surgiram e continuam agora em força.

No entanto, uma das presenças mais regulares e interessantes nos blogs de culinária continua ainda hoje em grande força - o blog de David Lebovitz, antigo chef pasteleiro americano residente em Paris e autor de vários livros. É dele a minha "bíblia dos gelados", o essencial "The Perfect Scoop", que muito provavelmente acabarei por trazer aqui uma vez ou outra. É dele também "My Paris Kitchen - Recipes And Stories", um livro de receitas que é também um apanhado das experiências de Lebovitz enquanto habitante de uma cidade em tudo diferente daquilo a que ele estava habituado na Califórnia, um tema que me tem sido de certa maneira familiar nos últimos anos.

Talvez por isso goste tanto do livro. Por isso e, sem dúvida, pelas receitas. Há mais uma ou outra que inevitavelmente colocarei aqui, mas para já fica este belíssimo húmus, na receita que sigo sempre. Adoro esta pasta de grão e sésamo - esta versão em particular, quando acabada de fazer, tem um sabor óptimo e fresco. Fica ainda melhor seguindo a sugestão do livro de espalhar generosamente grão, pevides, colorau e azeite por cima do húmus.

Uma nota rápida sobre o tahini, que é provavelmente o ingrediente menos comum - tahini é uma pasta feita à base de sementes de sésamo, usada principalmente na cozinha do Médio Oriente. Encontra-se à venda em supermercados, por vezes simplesmente como "Pasta de Sésamo".