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Sticky Toffee Pudding

05/11/2019

Escrito por | Written by Bruno



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O Sticky Toffee Pudding (traduzido livremente por mim como Bolo de Toffee Peganhento) é uma das minhas sobremesas inglesas preferidas. Tendo sido popularizado nos anos 70 a partir de um hotel no Lake District inglês, este doce espalhou-se rapidamente e hoje encontra-se um pouco por todo o lado. É desavergonhadamente rico - uma espécie de bolo doce, com tâmaras misturadas na massa e aromatizado com cravinho, coberto com um molho de toffee (daí o nome) e geralmente servido com uma bola de gelado de baunilha, creme inglês ou ambos. O bolo em si é húmido e cheio de sabor e, mesmo com a cobertura, surpreendentemente leve. Ideal quer com uma boa chávena de chá ao lado, ou no final de uma boa refeição.

A receita que segui foi a da Felicity Cloake, publicada no livro "Completely Perfect: 120 Essential Recipes for Every Cook". Tal como de costume, a Felicity analisou e testou várias receitas diferentes e retirou as melhores partes de cada uma até obter a sua receita. Posso confirmar que resulta muito bem - o Sticky Toffee Pudding não deu muito trabalho e saiu óptimo, mesmo como eu queria - leve e muito saboroso!

Rolos de canela | Cinnamon rolls

22/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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É sempre uma pena quando descobrimos coisas boas tarde demais. Para mim, o Sweet World Challenge foi uma dessas coisas - uma ideia de duas bloggers portuguesas, a Lia do Lemon and Vanilla e a Susana do Basta Cheio que, todos os meses, sugeriam uma receita doce, geralmente tradicional de qualquer parte do mundo, e desafiavam quem quisesse participar a fazer essa receita (ou qualquer variação sobre a mesma) e partilhar o resultado. Não havia competição nem prémios e o objectivo era mesmo só descobrir receitas novas, partilhar e ver o que outras pessoas tinham feito.

Infelizmente, descobri o Sweet World um pouco tarde, por isso acabei por participar poucas vezes. E entretanto, no início deste ano, a Lia e a Susana terminaram-no. Foi uma pena saber do final, mas às vezes é preciso parar e ganhar tempo e espaço para respirar. Espero que ambas o tenham conseguido.

O último desafio do Sweet World foi uma receita de Rolos de Canela (Cinnamon Rolls), doce muito popular nos países nórdicos, nos Estados Unidos e também aqui, no Reino Unido. Um bolo simples, uma espécie de caracol com recheio de canela e especiarias e, em alguns casos, uma cobertura de açúcar e queijo creme. Já andava há algum tempo para experimentar fazê-los e, quando finalmente me decidi, socorri-me da receita da Lia, que por sua vez a foi buscar ao livro "New York Christmas", de Lisa Nieschlag e Lars Wentrup.

A receita foi simples de preparar, e irresistível de provar. Estavam ainda melhores do que parecem na fotografia!!

Tarte Tatin rápida de manga e lima | Easy mango and lime tarte Tatin

04/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Eu sei, eu sei, a verdadeira receita da tarde Tatin é um bocadinho mais complicada que esta e leva massa quebrada em vez de massa folhada. Mas esta, embora meio "aldrabada", é uma boa alternativa. É rápida e muito simples de preparar - e, mais importante ainda, tem um sabor óptimo, com a manga caramelizada a combinar muito bem com o subtil toque de acidez dado pela raspa de lima. A receita original saiu na revista mensal do Waitrose.

Eu sou muito mais da escola italiana que da francesa, mas um dia hei-de aventurar-me numa Tatin em condições. Até lá, se quiserem aproveitar aquelas mangas que estão a amadurecer na fruteira, experimentem esta! Bom fim-de-semana!

Chouquettes

12/06/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Em 2014 trabalhei durante uns meses num projecto em Paris, com alguns colegas. O escritório onde estávamos não tinha refeitório e não havia muitos sítios à volta onde pudéssemos almoçar. No entanto, se subíssemos a rua íamos ter a uma pequena praça que tinha, numa das esquinas, uma pequena padaria/pastelaria que fazia umas sandes óptimas. Era a nossa opção na maior parte das vezes - o serviço era rápido, o pão era bom e, quando fazia bom tempo, sabia bem levarmos as sandes para o parque que ficava do outro lado da praça. Almoçar sentados num banco de jardim a apanhar sol era o melhor dos contrastes para estarmos o resto do dia fechados no escritório.

Um dia, uma colega minha, francesa, comprou nessa padaria um saco de chouquettes - umas bolinhas de massa, parecidas com profiteroles, cobertas com umas pedras de açúcar grosso. Levou para o escritório, para irmos comendo ao longo da tarde - e desapareceram num instante. Toda a gente adorou e passou a ser um vício ocasional. Lembro-me de pensar na altura que gostava de aprender a fazê-los, porque parecia ser simples. Mas entretanto deixei o projecto e os chouquettes acabaram por ficar meio esquecidos.

Foi só agora, passados cinco anos, que finalmente voltei a lembrar-me deles e experimentei a receita. E ainda bem que o fiz - cada vez que faço uma fornada, ela desaparece em três tempos. Os chouquettes são pequenos, leves (literalmente - são completamente ocos por dentro) e viciantes. São ideais para acompanhar um chá ou um café ao lanche. E a receita é muito simples - basta preparar uma massa choux (a mesma dos profiteroles e dos éclairs), fazer bolinhas com ela, decorar com o açúcar e levar ao forno. E mesmo que nunca tenham feito massa choux antes, não se preocupem: não custa nada!

A receita que sigo é a do David Lebovitz e fica perfeita - mesmo como me lembro daquela pequena pastelaria em Paris!

Só uma pequena nota em relação ao açúcar pérola (não confundir com as pérolas de açúcar, aquelas bolinhas prateadas duras que se usam para decorar bolos!) - este é um açúcar que se apresenta em cristais bastante grossos, o que faz com que não derreta facilmente. É este açúcar que dá a doçura aos chouquettes - a massa em si tem apenas 2 colheres de chá de açúcar, que mal se notam. Também se vende como 'açúcar casson', 'açúcar perlé', 'açúcar em grão' ou 'açúcar em pepitas'.

Bakewell tart

30/05/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Quando vim para Londres e comecei a explorar alguns dos doces e sobremesas tradicionais, rapidamente a Bakewell Tart me chamou a atenção. É uma tarte relativamente simples, com todo o sabor a vir de apenas dois ingredientes - a amêndoa e o doce de framboesas. Neste caso, como em tantos outros, a simplicidade é bem-vinda, pelo menos para mim - adoro o sabor da Bakewell Tart! Embora haja variantes cobertas com um glacé e enfeitadas com uma cereja, prefiro-a mesmo assim - só com amêndoa laminada por cima, sem mais nada.

Depois de algumas pesquisas de receitas, acabei por seguir a receita da Felicity Cloake, ela própria tendo feito uma análise de várias receitas até chegar a esta versão. Vale a pena ler as notas dela sobre a história da Bakewell Tart e sobre os diversos ingredientes - bem como todas as outras que publica semanalmente no Guardian!

Fogaças de Alcochete | Alcochete fogaças (cinnamon and lemon cakes)

21/03/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Descobri as fogaças de Alcochete há alguns anos, quando uns amigos me ofereceram um saco delas de presente. Para quem não as conhece, são uns bolos típicos da vila de Alcochete, simples nos ingredientes, a saber a limão e canela, e com a particularidade de serem encruadas por dentro, o que faz contraste com a parte de fora, dura e estaladiça.

Na altura, gostei tanto delas que não descansei enquanto não aprendi a fazê-las. Pesquisei receitas, cruzei tempos e proporções, e descobri que não era difícil - a proporção base é de 1 parte de farinha para 0,7 de açúcar e 0,25 de manteiga. Mais a canela e o limão, uma gema de ovo para pincelar, e está praticamente feito.

Em 2011 publiquei a minha receita no Cozinha com Tomates, desta vez foi só revê-la e afiná-la, experimentando um pouco com o tempo e a temperatura de forno, que estavam misteriosamente ausentes na versão de 2011… O resultado final foi perfeito - a canela e o limão no ponto, a cozedura perfeita.

Alcochete pode estar a mais de 2000 km de distância de Londres, mas assim sempre ficou um pouco mais perto!

Jesuítas | Jesuits

05/03/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Uma das desvantagens de Londres é a falta da pastelaria portuguesa. Não é que não haja algumas por cá - e algumas não deixam nada a dever a uma boa pastelaria em Portugal -, mas são difíceis de encontrar. Na nossa zona, por exemplo, não é fácil encontrar boa pastelaria nacional - mais para o final do ano há bolos-rei óptimos numa banca de rua local, mas o resto da variedade não é muito grande.

Que fazer então? Bom, uma alternativa é encontrar receitas e fazer em casa. Foi o caso destes jesuítas. A receita vem no "Lisboeta", do chef Nuno Mendes (o mesmo livro de onde tirei a receita de pastéis de nata) e não é complicada - basta fazer uma calda de açúcar, um creme de ovo, montar os jesuítas e levar ao forno. E ficam óptimos.

Ah, e antes que alguém refile - para mim os jesuítas são assim, sem o creme de açúcar por cima, e com amêndoa palitada. Que me perdoem as boas gentes de Santo Tirso, mas na minha zona são servidos assim - e os sabores de infância são os que nos ficam para sempre!

Macarons de lima e manjericão | Lime and basil macarons

12/02/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Esta receita não é muito diferente da outra de macarons que já publiquei - a diferença está fundamentalmente no recheio. Mas é assim com todos os macarons - as "bolachas" em si fazem-se sempre da mesma maneira, o que muda é o que está no meio.

Este creme funciona muito bem. É fresco e saboroso, com a lima e o manjericão a combinar muito bem. Para além disso, são bonitos, com o verde vivo a saltar à vista e a fazer apetecer pegar num - ou em vários.

Esta receita dá para cerca de 70 macarons completos (ou seja, perto de 140 "bolachas"). Se não se quiserem aventurar numa quantidade tão grande, reduzam as quantidades proporcionalmente - se bem que, por experiência própria, não se deviam preocupar: 70 macarons desaparecem num instante, entre "consumo próprio" e ofertas a família e amigos…

Tal como na outra receita que publiquei, esta é adaptada da receita do livro "Macarons", de Pierre Hermé, mas com o método do livro "How Baking Works", de James Morton.

Muffins de Natal

20/12/2018

Escrito por | Written by Bruno



A Aquila, revista de “grandes ideias para miúdos inquisitivos”, é uma revista inglesa para crianças, cheia de artigos interessantes, experiências, jogos e textos diversos, sempre subordinados a um tema (a ciência da luz, teoria dos jogos, pop art, utopias, as ideias de Stephen Hawking…) e feita de forma interessante e inteligente para despertar o interesse dos miúdos por saber mais, de forma divertida.

Somos assinantes, e os rapazes cá de casa (principalmente o mais velho) gostam sempre de folhear a revista e explorar cada um dos números. A edição deste mês tinha por tema “Charles Dickens” e estava cheia de informação sobre Dickens e sobre a época vitoriana em geral. Lá pelo meio, havia uma receita para uns muffins de Natal, inspirada nos Plum Duffs vitorianos. Assim que o rapaz a viu, disse que queria experimentar - e assim fizemos. É uma receita ideal para trazer os mais pequenos para a cozinha, só com alguma ajuda dos adultos (para cortar as ameixas, para derreter a manteiga ao lume…); eles adoram poder fazer os seus próprios bolos - e comê-los no final!

Duas notas sobre ingredientes - o mincemeat é tipicamente inglês e usado em vários dos doces tradicionais natalícios (principalmente as omnipresentes mince pies). É uma mistura, entre outros, de frutas secas, especiarias e gordura animal, de sabor doce e frutado. Encontra-se em Portugal em lojas especializadas em produtos de importação, como a Glood. Se quiserem aventurar-se a fazer a vossa própria versão, aqui ficam duas receitas do David Lebovitz - uma mais tradicional e outra mais rápida e sem qualquer produto animal. O outro ingrediente tipicamente inglês é o mixed spice, também largamente utilizado em doces natalícios - não é mais que uma mistura de canela, noz-moscada e pimenta-da-Jamaica (por vezes também com cravinho), e pode ser facilmente substituída por umas pitadas dessas especiarias.

E pronto - amanhã entramos de férias. Boas Festas a todos!

Bolo de alperce e amêndoa com cardamomo e água-de-rosas

09/11/2018

Escrito por | Written by Bruno


É sexta-feira, o fim-de-semana está à porta e o Outono já se sente em força (em Londres estarão 13º este fim-de-semana, com alguma chuva - um pouco mais em Lisboa, mas não muito). Altura ideal para dias caseiros, a preguiçar, a ouvir música, a ler um livro. Para pôr água para o chá a aquecer e cortar uma fatia de bolo caseiro. Tal como este.

A receita é da Nigella Lawson (que ainda não tinha “passado” por este blog - tenho de me dedicar mais a explorar os livros que temos em casa), do livro “Simply Nigella” e não custa nada a fazer. É quase só juntar os ingredientes, triturar tudo e levar ao forno. Quase, mas não exactamente, porque o sabor está nos detalhes - nos alperces fervidos com cardamomo, na água-de-rosas, no doce de alperce. Tudo combinado para um bolo simples e óptimo para estes dias. Bem me apetecia uma fatia agora…

Só um detalhe - a Nigella usa pistácios triturados para decorar o bolo, que fica mais bonito. Eu usei amêndoa laminada só porque não tinha pistácios - mas sintam-se à vontade para decorarem como melhor entenderem!

Macarons de limão

06/11/2018

Escrito por | Written by Bruno



Há uns anos, esta foi provavelmente a receita que mais trabalho me deu. Naquela altura, parecia que toda a gente sabia fazer macarons - era a receita mais popular por esses blogs fora, e quase sempre com resultados impressionantes. Eu gostava muito da aparente simplicidade desta especialidade francesa e da variedade quase inesgotável de recheios diferentes que se podiam usar. Por isso mesmo, resolvi tentar aprender a receita - e não desistir enquanto não conseguisse.

Foram para aí umas oito ou nove tentativas. Em algumas delas, os “macarons” foram directamente para o lixo, porque não estavam de todo capazes. Em alguns casos por causa do método em si (ingredientes pouco misturados, ou misturados demais), noutros por causa da temperatura do forno, noutros ainda por causas misteriosas que não consegui perceber. Mas fui insistindo e experimentando receitas diferentes.

Foi só quando encontrei o livro “Macarons”, do chefe de pastelaria francês Pierre Hermé, que finalmente cheguei lá. Segui a receita à risca, com todas as temperaturas controladas e todos os passos interiorizados antes de começar. E dessa vez, no início de 2012, saiu bem. Na altura publiquei a receita no Cozinha Com Tomates (há mais duas variações de sabores nesse blog, se as quiserem procurar) e desde então que tenho sempre feito os macarons da mesma forma, seguindo a receita à risca - e sempre com bons resultados.

Desta vez, contudo, arrisquei o impensável - usar uma receita diferente. Comprei recentemente o livro “How Baking Works”, de James Morton, que recomendo a toda a gente. Morton ensina os básicos de uma série de diferentes receitas e tipos de massa, explicando o porquê de cada um dos passos e qual o impacto no resultado final. A partir da receita básica, indica depois variantes e dá sugestões para formas de a adaptarmos segundo a nossa criatividade. Acreditem - aprende-se bastante com este livro, e os resultados são muito bons. Por isso mesmo, quis experimentar a receita de macarons de Morton, que usa uma técnica diferente (e mais simples) da de Pierre Hermé. Acabei por usar as mesmas quantidades de Hermé, mas seguindo o método de Morton - e o resultado não podia ser melhor. Todos os macarons sairam perfeitos e bonitos - e fizeram sucesso.

Algumas notas caso se queiram aventurar pela primeira vez: a receita parece extremamente simples (descontando os corantes, os macarons propriamente ditos só levam 4 ingredientes, os restantes são para o recheio), mas o equilíbrio entre esses ingredientes é relativamente frágil. Algum passo mal executado pode estragar o resultado final. Leiam a receita primeiro, habituem-se a ela, se algo não estiver claro perguntem - ou usem o YouTube, que é óptimo para perceber coisas como qual a consistência exacta da massa. E não desesperem - assim que conseguirem acertar com a receita (e, se tiverem sorte, pode ser logo à primeira vez), provavelmente nunca mais vos correrá mal.

Pavlova de figos e creme de amêndoa

09/10/2018

Escrito por | Written by Bruno



Mais um mês, mais um Sweet World Challenge. Desta vez, foi a Lia do Lemon & Vanilla a lançar o mote. A sobremesa escolhida foi uma pavlova de figos, que me despertou imediatamente o interesse. Não sou especialista em pavlovas - a única que fiz até hoje foi a pavlova enrolada que tenho aqui no blog, mas essa é tão boa que a faço com alguma regularidade -, mas quis mesmo aproveitar esta oportunidade, até por ser uma boa desculpa para comer figos. Esta é uma boa altura para eles, e conseguem-se encontrar alguns bastante razoáveis aqui por Londres.

Sendo assim, pus-me a pensar em sabores e a pesquisar receitas. Já estava mais ou menos convencido do que queria fazer quando, por acaso, reparei que havia precisamente uma receita de pavlova de figos no Sweet, o livro de Yotam Ottolenghi e Helen Goh de que já aqui falei por diversas vezes (provavelmente o meu livro de culinária preferido do ano passado). Esta receita prometia bastante em termos de sabor - a pavlova era preparada com uma mistura de açúcar normal e açúcar mascavado, que dava um sabor mais intenso ao merengue; seguia-se uma cobertura fina de chocolate negro; um creme de amêndoa à base de pralin (amêndoas e caramelo triturados em pó fino) - e, sobre tudo isto, os figos, cobertos por mel e pistácios. Como resistir a tudo isto? Assim que passei os olhos pela receita, soube que não valia a pena procurar mais. Estava encontrada a minha base.

A receita que aqui trago não é exactamente igual. Ottolenghi e Goh preparam o merengue batendo os ingredientes sobre banho-maria, eu usei a técnica mais simples de bater simplesmente as claras com o açúcar, acrescentando este a pouco e pouco. Mas, no essencial, é a mesma receita - e posso garantir que o resultado é tão bom quanto parecia no início. Em cada fatia sentem-se as diversas camadas e cada um dos sabores. É uma sobremesa impressionante, fresca e irresistível!

Sorvete de Spritz

04/09/2018

Escrito por | Written by Bruno



Há receitas que deviam ser proibidas.

Dito isto, ainda bem que não o são, porque seria uma pena não poder provar este sorvete. Mesmo sendo, provavelmente, um dos sorvetes mais perigosos do mundo. Já aqui falei do Spritz - um cocktail nascido em Veneza e ideal para os dias quentes, principalmente se for bebido numa esplanada de um bar veneziano que também sirva cicchetti, os pratinhos de petiscos tradicionais da região. Em Veneza, o Spritz faz-se tradicionalmente combinando vinho branco (embora outras regiões usem normalmente prosecco) com Aperol (um vinho aperitivo, doce e amargo, com um sabor dominante a laranja) ou Campari e um nadinha de água com gás. Só por si é óptimo, mas transformado em sorvete - principalmente nesta versão -, transcende-se.

Esta receita não é minha. Retirei-a da nova edição do “The Perfect Scoop”, do David Lebovitz, de que já aqui falei noutras ocasiões. A edição anterior transformou-se rapidamente na minha Bíblia dos Gelados, a que recorro várias vezes para tirar ideias, inspirações, ou para seguir directamente algumas das suas receitas. Assim, quando soube que estava para sair uma nova edição, com algumas novas receitas, outras revisões e um novo visual, não hesitei. Este sorveete é uma das novidades do livro.

O David Lebovitz usa aqui a combinação clássica dos ingredientes do Spritz (versão Aperol e Prosecco), mas junta-lhe um outro que faz diferença - a toranja. Sendo basicamente uma espécie de laranja amarga, combina muito bem com o Aperol. E sendo uma toranja rosa, ajuda também à cor do sorvete. E que tal é que ele fica? Fica óptimo. Perigosamente óptimo, diga-se, porque apetece comer só mais um bocadinho e só mais outro e depois começamos a notar a cabeça a andar à roda. É que, parecendo que não, o álcool está lá todo - do Prosecco e do Aperol. Por isso, sim, é um dos sorvetes mais perigosos do mundo. Mas também, provavelmente, um dos melhores!


Clafoutis de cereja

14/08/2018

Escrito por | Written by Bruno



Tinha cerejas em casa e não sabia o que lhes havia de fazer - ou melhor, sabia que podia simplesmente comê-las, e eram óptimas, mas cada vez que olhava para a caixa dava-me vontade de cozinhar qualquer coisa com elas. Andei a namorar uma tarte de cereja, à americana, como as que faziam as delícias do agente Cooper no Twin Peaks (e um destes dias ainda hei-de voltar a essa ideia), mas acabou por haver uma espécie de alinhamento dos astros - ou dos blogs… - que me fez decidir por uma receita diferente. É que, por coincidência, o desafio que a Susana e a Lia lançaram para o Sweet World Challenge deste mês foi precisamente um clafoutis de cerejas. Era o sinal que eu precisava para dar destino às minhas.

O clafoutis é uma receita típica francesa, feita sempre com cerejas (ou melhor, pode ser feita com outras frutas, mas então passa a chamar-se flaugnarde, que os franceses não brincam em serviço nestas coisas). A massa tem mais consistência de pudim do que de bolo, pelo menos na variante tradicional, e não é complicada de fazer. Ao comparar receitas encontrei este artigo da Felicity Cloake, que também analisou várias variantes em busca da receita ideal. A minha não difere muito da dela, mas tem algumas diferenças. Uma das principais é a questão dos caroços - tradicionalmente, as cerejas num clafoutis não são descaroçadas. Eu preferi tirar-lhes o caroço (acho mais agradável não ter de estar a trincar e cuspir caroços à sobremesa), mas o caroço é parte importante do sabor - os caroços das cerejas (tal como os pêssegos, os alperces, as ameixas…) dão um sabor amendoado, muito graças ao cianeto que contêm (felizmente não em quantidades suficientes para transformar uma receita num livro de Agatha Christie). Para aproveitar esse sabor, deixei os caroços em infusão no leite, mas podem optar por não o fazer. A propósito do sabor a amêndoa, a essência de amêndoa que usei é opcional, até porque pode não ser fácil de encontrar. No entanto, se tiverem oportunidade, podem acrescentá-la para ajudar a realçar o sabor.

A ginja foi outra alteração. Obviamente que tem de ser de Alcobaça, porque na verdade não há outra :-) (desculpem, malta de Óbidos!). E o melhor é que ficam com uma boa desculpa (como se fosse necessário) para depois acompanharem o clafoutis com um cálice de ginja - combina que é uma maravilha!…

Mousse de chocolate

09/08/2018

Escrito por | Written by Bruno



Mousse de chocolate - eis um clássico que ainda faltava por cá. É raro lembrar-me dele mas quando nos encontramos é difícil resistir. Apeteceu-me experimentar e encontrei uma receita num livro da cadeia de restaurantes Leon (Leon: Ingredients and Recipes) que me pareceu interessante. Adaptei-a ligeiramente (juntei um pouco de açúcar às gemas e não usei licor de laranja - se quiserem adicioná-lo, basta juntar ao mesmo tempo que juntam o café à mistura de chocolate e claras).

E pronto - que mais se pode dizer sobre mousse? É um clássico, e os clássicos não se discutem. Melhor ainda: tem chocolate. Tudo fica melhor com chocolate. Vá, corram a experimentar. E se quiserem, convidem-me - eu ajudo a rapar as taças no final!

Bolo de alperce, amêndoa e canela

01/08/2018

Escrito por | Written by Bruno



Todos os dias são bons para fazer um bolo, principalmente se tiverem fruta à mão e não souberem o que lhe fazer. Este bolo leva alperces, mas facilmente os podem substituir por pêssegos ou ameixas. Todos combinam bem com as amêndoas e a canela - e uma fatia ainda morna, com uma colherada de iogurte natural fresco ao lado, é a escolha ideal para um lanche de fim-de-semana.

A receita é adaptada do livro Sweet, de Yotam Ottolenghi e Helen Goh, que já visitámos várias vezes neste blog (e que voltaremos sem dúvida a visitar). É simples de fazer, não demora muito e fica bonito e muito saboroso - não é preciso mais nada, pois não?...

Victoria Sponge de morangos e chocolate branco

19/06/2018

Escrito por | Written by Bruno



Já há alguns meses que vou seguindo com curiosidade o "Sweet World" - o desafio mensal que a Susana do Basta Cheio e a Lia do Lemon & Vanilla lançaram há mais de dois anos. A ideia é simples - todos os meses, a Susana e a Lia indicam a receita para esse mês, que é sempre um doce que faça parte da tradição de um dado país. Quem quiser participar, pega na receita e segue-a, adapta-a, recria-a, como desejar, desde que mantenha a base tradicional do doce (com maior ou menor criatividade). No final, a Susana e a Lia partilham um post com links para toda a gente que participou. Não há prémios e toda a gente é vencedora - a ideia é a partilha e o prazer de participar e descobrir novas receitas.

Até agora, nunca tinha participado, mas desta vez achei que era inevitável - a receita deste mês é o Victoria Sponge Cake e não há nada mais tradicionalmente britânico. Não é um bolo que me interesse particularmente (não gosto muito de "bolos de chá" que são muitas vezes demasiado secos para mim), mas quando encontrei a versão que o Yotam Ottolenghi e a Helen Goh incluiram no seu "Sweet" achei que era suficientemente interessante para ficar curioso.

Esta versão não é feita com a tradicional massa de Victoria Sponge, mas sim com uma genoise. A diferença principal é que a genoise não leva fermento - cresce devido ao ar que é misturado com os ovos ao batê-los, primeiro sobre calor, e depois com a batedeira. O resultado é uma massa leve e muito saborosa, ideal para este tipo de bolo. O recheio ajuda - os morangos e o chocolate branco humedecem a massa, que absorve o seu sabor e se torna ainda melhor. O resultado é um victoria sponge que, embora não o seja, não deixa de o ser. Um bolo ideal para comer à fatia, idealmente com uma boa chávena de chá ao lado!


Bolinhos do dedo

27/04/2018

Escrito por | Written by Bruno



Desta vez nem devia ser eu a escrever a receita, visto que não fui eu que a fiz. O cozinheiro desta vez foi o meu filho mais velho, de 9 anos, que tem um clube de culinária na escola onde aprende a cozinhar vários pratos. Experimentámos o clube o ano passado pela primeira vez e foi um sucesso - logo na primeira aula, por coincidência, aprenderam a fazer pastéis de nata, que não estavam nada maus!

Uma das receitas que ele mais gostou de fazer foram estes bolinhos - "bolinhos do dedo", como lhes chamamos cá em casa. São uns biscoitos simples de fazer, mas que são óptimos para cozinhar com as crianças, que se divertem a preparar a massa, a moldar os biscoitos, a calcá-los com o dedo e a rechear com o doce. Ah, e a comer no final, claro!


Bolo de laranja sanguínea com calda de laranja e romã

02/04/2018

Escrito por | Written by Bruno



Nunca tinha experimentado uma laranja sanguínea (blood orange)antes de vir para Londres - são quase impossíveis de encontrar em Portugal, o que é uma pena, porque são óptimas. Doces e sumarentas, e com o sumo de tom avermelhado que lhes dá o nome. As melhores aparecem só no início do ano, e vale a pena comprar sempre que as encontramos, porque depois passa-se um ano inteiro a sentir-lhes a falta.

Já tinha feito este bolo há um ano ou dois e tinha feito sucesso. Agora que as laranjas voltaram, foi a altura ideal para procurar de novo a receita (publicada na revista Good Food, da BBC) e meter de novo mãos à obra. E agora acho que devia tentar ir comprar mais um saco de laranjas, enquanto ainda consigo encontrá-las...

Só mais umas notas sobre os ingredientes - se não encontrarem laranjas sanguíneas, podem usar laranjas normais à vontade, embora eu prefira o sabor das primeiras. A água de flor de laranjeira é opcional - ajuda a intensificar o sabor da laranja (e tem de ser usada em pequenas quantidades), mas não é essencial. Aliás, se tiverem um licor de laranja à mão, é capaz de não ser má ideia usá-lo em substituição - ficarão com um bolo mais "adulto", o que não é necessariamente mau!...

Tarte de amêndoa | Caramelised almond tard

16/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Quando aqui publiquei as receitas de Bolo de Bolacha, Salame de Chocolate e Pudim Molotof, referi-me aos três doces como a Santíssima Trindade das Sobremesas de Festas de Aniversário dos Anos 80 - não havia festa de anos que não tivesse um ou vários destes clássicos da doçaria portuguesa.

No entanto, faltava uma receita para completar a lista. Para usar uma outra analogia parva, digamos que se o Salame, o Molotof e o Bolo de Bolacha são os Três Mosqueteiros da doçaria, então a Tarde de Amêndoa é o seu D’Artagnan. A receita não tem grandes complicações - prepara-se a base, uma espécie de bolo baixinho cozido numa forma de tarte; cobre-se com amêndoas cozinhadas em açúcar e manteiga e leva-se ao forno até caramelizar.

O resultado é este clássico que nunca sai de moda. Para mim, pessoalmente, é também e a possibilidade de ter mais um bocadinho de sabores de Portugal na cozinha quando me apetecer. É que se os pastéis de nata já correm mundo e são relativamente fáceis de encontrar por cá, o resto da nossa doçaria ainda é muito mais esquiva.